segunda-feira, 20 de abril de 2009

A história e o contexto

29.03.09

Angola foi descoberta 18 anos antes de nós. Teve o início da sua colonização, porém, 29 anos depois do Brasil, em 1559. Enquanto a nossa exploração foi voltada à produção da cana-de-açúcar e do ouro, em Angola foi focada na exploração da mão-de-obra escrava. Assim como no Brasil a abolição aconteceu inicialmente somente de direito, de fato só viria a acontecer muito anos depois. 

Angola foi colônia portuguesa até o ano de 1975. Ou seja, se Miloca nascesse aqui, teria nascido no período colonial (rsrsrsrs!), e Ian no ano da independência! Nos 133 anos de diferença entre a independência brasileira e a angolana, tivemos no Brasil a imigração européia com grande influência cultural e de produção, nos libertando de alguns "padrões" portugueses, além da modernização e o surgimento da indústria, com especial destaque à automobilística, em 1920. Em Angola este tempo nunca chegou. Angola praticamente importa tudo o que consome, e tem na venda do petróleo e dos diamantes a sua principal fonte de riqueza e crescimento.

Além da independência tardia, o país foi vítima de uma guerra civil que se iniciou quinze dias após a independência. A guerra envolveu alguns movimentos libertadores, os menores desapareceram logo no início, deixando o embate maior entre a UNITA e o MPLA. A guerra gerou muita violência, destruição e miséria. Em 1995 foi feita uma eleição para se por fim a guerra. O MPLA venceu com 85% dos votos, porém a UNITA, no dia seguinte, reiniciou as batalhas, principalmente no interior do país. A guerra impulsionou a migração de quase um terço da população angolana para a sua capital, Luanda. As pessoas fugiam pelo medo e pela fome. Os últimos anos de guerra foram os mais violentos, e fez de Angola o país com maior número de mutilados de guerra.

Imaginem então a linha do tempo neste país. Colonização exploratória por  493 anos, seguidos de 27 anos de guerra civil e destruição. Angola tem então, apenas sete anos de paz e de VIDA. Sete anos de reconstrução, sete anos efetivos de nação unificada (se é que dá para considerá-la assim)! Imaginem que uma criança de dez anos já é capaz de te dar relatos sobre a guerra.

Ainda hoje, a expectativa de vida em Angola é 49 anos para as mulheres e 48 anos para os homens. Apesar dos dados de analfabetismo não serem alarmantes, se incluem aí os alfabetizados funcionais, que apenas assinam o seu nome.

Por ser o segundo maior produtor de petróleo da África e quarto maior em diamantes do mundo, Angola é o segundo país que mais cresce no globo. Há alguns anos permanece com crescimento anual de 20%.

Hoje vejo Angola como um bebê que nasceu prematuro, que precisa sobreviver sem estar totalmente formado, mas cujo metabolismo e crescimento são maiores que o de um bebê normal. E desejo que um dia, ainda na infância, este velho/novo país se encontre em condições iguais e plenas de vida para a sua população.

4 comentários:

  1. Jogue duro aprenda, apreenda, abraços de fã...

    Cleber Filho

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  2. Eu nem devia comentar nada porque fui a primeira a ler o blog, a primeira a tentar escrever um comentário - que foi negado pelo blog, e ainda ficam me contando as coisas por telefone e me proibindo de contar aos outros para não estragar a surpresa do blog, sendo que este post nunca vem... Enfim, faço terapia para superar tudo, inclusive esta rejeição do M.V.E.O.C., e aqui estou. Por favor, complete o post para deixar bem claro que se eu fosse angolana teria nascido no ÚLTIMO ano do período colonial, para evitar especulações, hehehe!!!
    Bjos, gataaa!!!
    Mila

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  3. Cara amiga Ilana,
    Muito bom teu relato do vôo.
    Tive as mesmas experiências ( simpatia, gentileza e tudo o mais das aerovelhas...kkkkkkk
    Mas no mais td bem...
    Quero acompanhar teus relatos...
    Bjs e boa sorte, nesse velho continente de novas aventuras.

    ANdre

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