segunda-feira, 20 de abril de 2009

O embarque para Angola e o "bodão"

29.03.09

Antes de mais nada, é preciso entender que o embarque para Angola é uma programação para um dia inteiro. Não funciona como uma viagem internacional corriqueira, onde basta se organizar para chegar com duas horas de antecedência no aeroporto e embarcar. Passaporte, localizador e pronto .

Pra começar, tem gente que vai até o Rio e, de última hora, no dia anterior ao embarque, recebe a notícia que não vai viajar, e precisa aguardar sem previsão uma nova data. Alguns aguardam por uma semana, outros mais.

Mas falando dos agraciados, que tiveram suas viagens confirmadas, e nos quais eu me incluo, fomos para o aeroporto com cinco horas de antecedência. Se minha avó Helena e Miloca estivessem presentes, ficariam orgulhosas de mim! Um staff digno da Odebrecht nos aguardava para fazer o check in. Malas protegidas, check in feito, atentos ao display, o vôo aparecia confirmado e no horário. 

Não demorou muito para aprendermos que se tratando da TAAG, isto não significava que iríamos embarcar sem atraso. O grande bodão, apelido dado ao avião da TAAG, pousa e taxia até parar na nossa frente. E lá fica.

Para os mais românticos, o apelido de bodão é oriundo da imagem de uma Palanca Negra, espécie endêmica angolana, plotada na rabeta do avião. Para os mais sarcásticos, vem pela semelhança do cheiro exalado pelo bode.

Avião na pista, seguimos a esperar. Visita ao free shopping, à lanchonete e à livraria. Qualquer coisa que ajudasse a fazer o tempo passar mais rápido.

Lá vem ela, a nossa tripulação se aproxima. O referido grupo de língua ácida que justificou pelo mau cheiro o apelido de bodão, deve ter sido também o responsável pela denominação da equipe de bordo de "aerovelhas". Da minha parte, sem dúvida nenhuma, após embarcar, identifiquei outra característica como a mais marcante. A simpatia. Ou melhor, a ausência completa dela!

Já a bordo do bodão, discordo da segunda explicação para o seu apelido. Nem um cheiro expressivo. A aeronave é velha, mas não assusta, assim como as aeromoças. Antes mesmo da aeronave decolar eu já tinha sido chamada atenção, uns doces!

Uma hora depois da decolagem, após duas horas e meia de atraso, fui acordada por elas com um forte "cutucão". Abri os olhos assustada e a ouvi dizer "queres carne ou peixe?", optei pela carne. Quando abri a marmitinha me deparei com um frango. Pensei, ela deve ter querido dizer carne de frango, mas se assim fosse também diria carne de peixe. Preferi não entender. Mais tarde, acordo com um papel sendo lançado sobre mim, a guia de imigração. Depois disso não consegui mais dormir. As, então, seis horas e meia restantes de vôo passaram arrastadas.

Fui chamada atenção pelo menos mais umas duas vezes durante a viagem. Uma delas ainda me pego tentando entender o porque. 

Depois da viagem, se me indagassem sobre a razão do apelido vulgar, eu diria: é pelo fato de recebermos cabeçada sem esperar, e ouvirmos "béééééé" sem poder entender...

Um comentário:

  1. Lana, essas aerovelhas devem ter aprendido aqui na Bahia a arte de bem tratar o cliente! hahaha Porque elas cutucavam tanto??

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